Publicado em 14/05/2007
Brasil
EM FORTALEZA Manifestantes fazem protesto contra visita Provocados pelas críticas do papa Bento XVI ao aborto e ao uso de preservativos, cerca de 50 manifestantes ligados a entidades de movimentos de minorias promoveram ontem, em Fortaleza, um irreverente protesto em defesa da diversidade sexual 12/05/2007 01:38 JOVENS em frente à Catedral: sai “Ave Maria”, de Schubert; e entra “Monte Castelo”, de Renato Russo(Foto: PATRÍCIA ARAÚJO) Espalhados pela calçada, alguns reviram suas mochilas, atrás de cópias de manifestos preparados exclusivamente para a ocasião. Outros desenrolam faixas. Os que vão chegando se cumprimentam a caráter, aos abraços e bitocas. Os mais soltos iam para o meio da rua, chamar a atenção de quem passava no trânsito. Os seguidores do anarquismo – movimento também importado do Velho Continente e de origem tão européia quanto o Catolicismo -, preferem os cartazes. Os fiéis seguidores de Mikhail Bakunin mandam ver nas frase de efeito contra a Igreja. “Quem tem boca vaia Roma”, rezava um deles. “Se o papa engravidasse, o aborto seria um sacramento”, dizia outro. Numa verdadeira comunhão à diversidade, o ato público reuniu ativistas de várias tendências do movimento pelos direitos das minorias. Representantes do segmento Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBT) uniram-se a ONGs que discutem o uso da camisinha, o direito à vida e a polêmica sobre o aborto. O primeiro a falar ao microfone agradeceu ao motorista do carro de som – um Gol vermelhíssimo -, dizendo que vários outros rejeitaram a proposta de trabalho, por puro preconceito. “Eu queria umas palmas para o motora, que ele se garantiu”. Provocados pelas contundentes críticas de Joseph Ratzinger ao aborto e por sua condenação da camisinha, os pequenos discursos que se seguiram foram de críticas históricas à Igreja à defesa de um Estado brasileiro laico. A mulher também foi lembrada durante a manifestação. “O papa não deve se intrometer nos direitos da mulher”, criticou Francisco Pedrosa, presidente do Grupo de Resistência Asa Branca (Grab). O direito à saúde feminina é o ponto central da polêmica sobre o aborto. Também houve espaço para denúncias do comportamento homofóbico da sociedade e para a defesa da união civil entre pessoas do mesmo sexo. “Por trás do silicone bate um coração”, romanceou o travesti Daletty. E também não faltou, claro, a polêmica sobre o uso de preservativos versus Aids. “É irreal que o papa ainda fale no não uso do preservativo”, criticou Felipe Araújo, representante da ONG Centro de Estudos Aplicados de Juventude (Ceaj). Brasil |